quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Tudo segue bem na vida, na dinâmica familiar, na rotina diária. As reclamações fazem parte do cansaço de todo dia, porque a vida, sim, muitas vezes é cansativa. 
Um dia, assim, de repente, o sol te faz acordar diferente.
Acontece que seu filho, aquele, que não toma banho na hora certa, que se atrasa para ir ao colégio, que enrola para levantar da cama e ir para o curso de inglês, que briga com o irmão mais novo; um dia, ele reclama de dor no corpo, refere um cansaço diferente de todos os outros, a enrolação para o colégio não é a mesma dos outros dias. Começa a emagrecer, ficar fraco, perder o apetite.
Você pensa: "alguma coisa está estranha e diferente". Resolve então, levá-lo ao médico, que acostumá-lo a vê-lo sempre bem, também estranha. 
Um hemograma é solicitado: "vamos aguardar o resultado, pode ser apenas uma dessas viroses."
O coração aperta, e coração apertado de mãe, é coisa estranha, é intuição angustiante, mãe não fica com coração apertado sem motivos...
O resultado do exame mostra que algo realmente está errado: "mas como meu filho, perfeito, amado, tão querido, que foi desejado e planejado, tem algo de errado?"
E à ameaça de ter a vida bagunçada por uma doença, já bagunça a vida só de pensar.
Vem a fala mais dura, aquela que nunca você imaginou escutar: "seu filho está doente, muito doente, precisamos interná-lo rapidamente para uma investigação mais apurada."
O mundo bagunça, o chão por minutos se perde, tonteira, calor, frio, medo, agonia, mas o choro não vem, não ainda.
E um caminho novo se apresenta, um caminho sem mapa, sem bússola, sem GPS, um caminho da solidão do mundo da doença.
Você vai conseguir caminhar, mesmo sem direção e achando que o caminho está errado. 
Mãe não erra o caminho, não totalmente, e mesmo quando pega a trilha errada, faz o filho achar que o caminho errado, é o novo, é a surpresa do dia. 
Mãe tem magia, mesmo na dor. 
Mãe é um ser diferente de todos os outros, não acham?



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Quando nos ligamos afetivamente a um outro, dizemos que formamos laços...estes podem ser de amor, de amizade, de carinho, de admiração. Uma vez formado um laço, estabelece-se um vínculo. 
Passamos a gostar de estar na presença desse alguém, esperamos para dividir particularidades, desejamos pelo encontro, procuramos estar junto. 

Assim, conforto, bem estar, apaziguamento, acontecem quando os laços existem.


Por outro lado, entre os laços, também podem surgir afetos como o ciúme, a insegurança, o medo e a dor.


Quando os laços se rompem, existe a perda e dependendo de como essa perda ocorre, o mundo se esvazia, a dor consome todos os espaços e a vida fica difícil de ser vivida.


Quem perde algo tão caro, tão significativo, tem a sensação, muitas vezes, de perder parte de si.


Como fazemos, então, para seguir em frente? Como se "continua" com tanta dor? Os laços ainda existem mesmo na ausência, no desaparecimento do outro? A força do apego consegue sobreviver?


Muitas questões...mas uma coisa é certa, a dor vem na mesma proporção que o amor!