quarta-feira, 5 de novembro de 2014



Hoje tivemos uma experiência muito interessante e rica, participamos do I Simpósio de Doação de Órgãos e Tecidos do Hospital Municipal Souza Aguiar.

Foi incrível escutar e compartilhar a experiência com profissionais muito cuidadosos e envolvidos nesta tarefa tão delicada e complexa.

A nossa palestra foi sobre Morte Encefálica e o Luto das Famílias Doadoras e abordamos a questão sob o viés do luto enquanto reação que perpassa todo o processo, desde o início da internação até a constatação da morte encefálica propriamente dita e no pós óbito.

Foi uma honra a chance de falarmos para essa equipe e mais do que isso, uma grande oportunidade de sensibilizarmos as equipes de saúde ali presentes sobre o papel da comunicação adequada, empática, cuidadosa e fundamental para o processo de luto, especialmente neste cenário.

A perda de um ente querido, e a forma súbita, imprevisível e traumática como nos casos que envolvam acidentes causa enorme desorganização emocional, de tal forma, que a resposta cognitiva e intelectual dessas pessoas passa a funcionar precariamente. 

O quadro de estresse agudo que se veem envolvidas pela notícia alarmante que alguém que ama morreu é provocador de desmoronamento e desconstrução de seus mundos presumidos. Ainda assim, e diante disso, essas famílias muitas vezes são abordadas (e devem ser) pelas equipes de transplante sobre a ideia da doação de órgãos e tomar uma decisão. 

Mas como chegar sem invadir?
Como abordar sem vínculo estabelecido?
Como ser disponível sem ser piegas?
Como mobilizar sem desorganizar mais?
Como ajudar no processo de luto dessas pessoas sem pressioná-las a uma resposta no tempo da viabilidade dos órgãos saudáveis que o seu ente querido, declarado morto, protege dentro de um corpo que funciona artificialmente?
Como não apontar a necessidade do receptor se a necessidade do familiar em sua dor é maior do que qualquer outra?

São questões que merecem discussão, conversas, estudo e cuidado!



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