sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Ainda assim



Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.
E nessa partida, vamos um pouco juntos , coisas nossas são levadas e ficam os restos.
Somos restos por um tempo, ou por muito tempo, 
De restos sobrevivemos, escutando pela metade, sentindo por terços e faixas da vida, capengando no amanhecer de cada dia.
Aprender a viver é mais do reconstruir, é nascer uma vez e de novo, deixando a roupa antiga, o corpo usado, a chama passada - mas das memórias que nos acompanham renascemos sendo um outro dentro de nós mesmo.
Porque é da vida que se faz a morte e é da morte que renasce à vida. Morte e vida uma soma de dois que dá um. Um com cheiros de uns porque morremos com tudo aquilo que vivemos, com tudo aquilo que amamos.
E é na perda que nasce a possibilidade de conseguirmos ser no 'apesar de'...
E dessas feridas e cicatrizes vamos nos tornando contínuo ser, com marcas, restos, memórias, metade e ainda assim, nós mesmos.

Erika Pallottino


Nenhum comentário:

Postar um comentário