segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O próximo tabu a ser quebrado: a morte

Quem escreveu esse maravilhoso texto se chama Camila Appel. Ele foi publicado na folha online no dia 16/10/2014 e eu tive acesso a ele pelas redes sociais.
Camila criou um blog chamado Morte sem Tabu e vem postando pequenos artigos super interessantes. O de hoje, por exemplo, fala sobre cremação e sepultamento.
Camila não é psicóloga e nem trabalha na área da saúde, vem de uma trajetória em administração de empresas, passando pela antropologia e pela escrita de peças para teatro, e agora, ao que parece, se lança na investigação das questões sobre morte e finitude.

Bom ter mais um com a idéia da desconstrução e aproximação do tema, bom ter mais um , e esse com força, pelo fato de ser formador de opinião e com voz ativa na mídia que nos ajude a quebrar esse silenciamento, bom ter mais um fazendo coro para aquilo que é natural, humano e parte do ciclo vital.

Aos poucos vamos assistindo acontecer o movimento de descortinamento da morte.

Falamos sobre nascimentos e chegadas, mas não conseguimos falar sobre mortes e partidas.
Nos preparamos para receber um bebê mas nos escondemos para se despedir daqueles que amamos ao longo da vida...é pra pensar...

Seja bem-vinda à rede, Camila!


O próximo tabu a ser quebrado: a morte

Foi o depoimento da atriz Odete Lara que me despertou. Ela dizia que a morte é o próximo tabu a ser quebrado na nossa sociedade, depois do sexo. Tabu ou não, é raro se ver discussões na mídia sobre o tema. Tempos atrás não se escrevia a palavra câncer nos jornais, muito menos orgasmo. Hoje escrevemos e falamos sobre isso com total liberdade e criamos plataformas para esmiuçarmos os mais variados assuntos como maternidade, vegetarianismo, homossexualidade, finanças etc. Foi aí que surgiu a ideia de um blog para tratar de um assunto pouco abordado, mas polêmico e complexo, tão natural quanto estranho: a morte.

Sim, todos nós vamos morrer, um dia. Mas no fundo ainda conto com a possibilidade de que esse dia nunca chegue. Ela que exista, claro, longe de mim. O medo da morte é tema comum nos ensaios filosóficos e psicanalíticos. Há uma linha de raciocínio, defendida pelo antropólogo Ernest Becker (1924-1974) em seu premiado livro “A Negação da Morte”, que afirma que a repressão do medo natural da morte o transforma em pânico, refletindo em paranóias da nossa sociedade, como a necessidade de heroísmo, de sermos especiais, diferenciado dos demais.

O desconforto com a morte também pode estar ligado à busca pela juventude eterna e ao afastamento dos doentes do circuito social para o isolamento do hospital, em contraposição a um costume não mais usual onde os familiares morriam e eram velados dentro de casa.

A sociedade da juventude eterna negaria a morte e tudo relacionado a ela, inclusive as discussões a seu respeito.

Esse é um ponto de vista, mas chama atenção ao colocar a repressão do medo da morte como uma característica ocidental com repercussões negativas. Esse blog vê sua razão de existir em encarar o tema e não reprimi-lo.

Essa me parece uma tendência inevitável. Hoje em dia nos conectamos com o mundo pela internet, lemos notícias e alimentamos um perfil virtual. A geração que viu tudo isso surgir ainda está viva. A vida on-line em algum momento deverá pensar na morte e abordá-la de forma sistemática, sem pudores, já que o perfil on-line não morre naturalmente, mata-se.

Comentei com amigos e familiares sobre o interesse em criar esse blog e as reações confirmaram o título deste post. A morte é um tabu, um tema contagioso e de mau agouro. Aqui, vamos jogar uma luz sobre ela explorando pensamentos nas áreas da filosofia, psicologia, ciência e religião, além de prestar um serviço ao leitor, ao trazer informações úteis a respeito das burocracias, da indústria que gira em torno dessa atividade tão presente e tão repudiada.

Nos esforçamos para viver cada vez mais e tem quem diga ser parte do desejo biológico de aperfeiçoamento humano. Mas não há fuga da realidade indiscutível de que um dia deixaremos de existir. E falar a respeito pode ser tão natural quanto o medo desse destino inevitável.

http://mortesemtabu.blogfolha.uol.com.br/2014/10/16/o-proximo-tabu-a-ser-quebrado-a-morte/

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