segunda-feira, 3 de março de 2014






Esse vídeo andou circulando pelas redes sociais. Acho ele tão bonitinho...
Faz pensar no tempo de cada um e no respeito a esse tempo.
Vendo esse curto vídeo me veio a cabeça uma questão comum no campo dos lutos e das perdas. Não existe um tempo demarcado para o luto. Não existe o tempo certo para a dor ir embora, para desarrumar o quarto de um filho, para doar as roupas de uma saudosa esposa, para se desfazer do escritório daquele pai tão admirado.
A dor não funciona na lógica temporal e cronológica que os relógios e calendários funcionam.
A lógica da dor é do amor investido, do cuidado disponibilizado, da história vivida, do vínculo estabelecido.
A intensidade da dor, a paralisação da vida, o empobrecimento das atividades e a perda da qualidade de vida, especialmente, a emocional, o isolamento social, entre outros sintomas, é o que nos dá parâmetros para identificar os fatores de risco e prognósticos mais sérios sobre alguns processos de luto. Isso nada tem a ver com o tempo.
Use o seu tempo, o tempo da sua dor, seja ele qual for.
Não permita que outras pessoas digam se está certo ou errado. A perda é sua, a ausência permanente de quem se foi será na sua vida e não na vida daquele que lhe "aconselha" a seguir em frente (uma das frases mais equivocadas que pessoas enlutadas escutam).
Suprimir a dor para tentar seguir em frente faz doer mais. Afastar a dor em vez de vivê-la, só alimenta a sua força.
Seja o seu tempo, o tempo da sua dor.


(Erika Pallottino - Instituto Entrelaços)

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