quinta-feira, 13 de março de 2014

Sobre esperas

Existem esperas que são doloridas, que são amargas, que fomentam angústias, que impedem o foco, que alimentam a dor. 
Esperas deviam ser brilhos de esperança, possibilidades de futuro, mas nem sempre são. 
Esperas são dúvidas, nunca certezas.
No luto, esperas são daquilo que não volta, mas mesmo assim, o psiquismo não se acostuma com a ausência.
A permanência da ausência pode tornar a espera eterna, e aí, lidamos com uma dor mais complica e crônica, com lutos que não findam, com dores que não se acostumam com o nunca mais.
A complexidade de quem segue esperando alguém ou alguma coisa que sabe-se que não volta, é doloroso. A dor não conhece racionalidade, a dor não tem educação, ela chega sem pedir licença, ela se coloca ao lado sem perguntar se pode e quando se despede não diz adeus...pode então, um fato, quase ilógico, acontecer, à espera da dor voltar.
Lutos são esperas...
Não se volta ao que era antes, mas espera-se voltar.
Não existe a possibilidade de não acontecer a perda, mas espera-se acordar e tudo estar em seu devido lugar.
Lutos promovem questionamentos: Quando isso vai passar? Quanto tempo eu vou ficar assim? 
Espera-se apenas que a vida volte em uma brecha, mas não na brecha da saudade e do vazio.
Esperas são isso, brechas de vida, possibilidade do a posteiori , mas quem aguenta esperar?


(Erika Pallottino -Instituto Entrelaços)







Instituto Entrelaços - Apoio ao Luto e Emergências Corporativas

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