sexta-feira, 21 de março de 2014

E quando os ídolos morrem?


Hoje eu abri a página do google pela manhã e me deparei com essa imagem. Em seguida um amigo me enviou uma mensagem falando que hoje o Senna completaria 54 anos de vida.
Pensei: "Nossa, eu lembro exatamente onde eu estava no dia em que ele morreu, na hora em que aquele acidente ocorreu."
Lembro que fiquei triste, chocada, tocada. Era adolescente naquele época, e se em maio completam 20 anos de sua morte, eu tinha 16 anos naquele dia, e lembro até hoje que doeu. Na verdade, o Brasil sentia dor, estava triste...afinal, ídolos não morrem, mitos não adoecem, heróis não são frágeis. 
E a morte de Senna nos faz pensar no que há de humano no herói, na perda do ideal, na dor da mortalidade e em nossa própria finitude.
Tudo acaba. Todos morrem. Todos nós, um dia, iremos morrer. Pensar nisso assusta.
Nossos pais em algum momento de nossas vidas foram nossos heróis, se tornaram nossos ídolos, e acompanhar o seu envelhecimento ou adoecimento é perder um pouco de si também. E quando eles morrem, parte de nós morre junto. As lembranças ficam solitárias porque o outro que a viveu não está mais alí para sentir junto, para compartilhar, para fazer eco no que é da gente, meu e dele. A lembrança deixa de ser de dois e passa a ser de um.
Senna foi assim, paternalmente um herói brasileiro, e, acompanhar o seu ritual fúnebre, a tv 100% Senna naquele dia, era a expressão de um grande luto coletivo. Escutar o Galvão Bueno chorando ao narrar a despedida do amigo, de algum lugar, nos desorganiza, porque aquela voz é de vida, de torcida, de comemoração, não de adeus. 
No luto o som fica baixo, a luz não ilumina, o corpo se ressente da ausência.
No luto somos o que um dia fomos juntos, ficamos com o que temos do outro que se foi, e nos despedimos do que não será possível ter.
Quando um ídolo vai embora, sem tempo da nação dizer adeus, sem se preparar para a sua partida, o país fica órfão e carente de segurança e de previsibilidade.
Hoje se Senna estivesse aqui como ele seria? Onde estaria? Como seria vê-lo fora de um carro de corrida?
Quando humanizamos o ídolo sentimos medo, pois ele se torna um igual e o igual morre.
Senna morreu ídolo e herói e fez sua passagem bem depressa, pilotando o seu carro, porque fora dele ele seria como todos nós. 
E heróis...heróis voam, não caminham.
Que ele esteja voando entre nós, olhando pelo Brasil e torcendo pela felicidade da nossa nação!
(Erika Pallottino - Instituto Entrelaços) 





Instituto Entrelaços - Apoio ao Luto e Emergências Corporativas

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